Musas do Corinthians
O Corinthians está a braços com uma crise porque Carlito Tevez deixou o clube logo a seguir ao jogo com o Botafogo e nunca mais voltou. Aliás, diz que não voltará enquanto o técnico for Emerson Leão, e por informações a que O JOGO teve acesso, está fortalecido por uma proposta astronómica de cem milhões de reais apresentada pelo Aston Villa, e não pelo Manchester United ou pelo Milan, como ontem se pensava, no Brasil.
O imbróglio parece ter sido deflagrado com o episódio da retirada da braçadeira de capitão a Carlito, que se queixou ao empresário, segundo relatos na Imprensa do país, de ter sido desrespeitado pelo técnico, que não lhe deu nenhuma explicação para a escolha. Segundo Ruocco, a gota de água foram declarações de Leão, dizendo que Tevez e Mascherano eram grandes jogadores “apesar de serem argentinos”… Uma frase “assassina” no actual contexto corinthiano. Ao não autorizar Carlito e o seu compatriota a juntarem-se à selecção argentina, em Londres, para defrontar o Brasil, Leão colocou mais achas na fogueira, apesar de ter atirado com a responsabilidade para o presidente do clube, afirmando que, com o assentimento de Dualib, por escrito, teria que “soltar” os dois.
Tevez viajou para a Argentina após o jogo de domingo, depois de insinuar que talvez fosse o último com a camisola do clube, e foi visto na segunda em Buenos Aires, num “show” de cumbia (dança argentina), muito animado acompanhando o espectáculo da banda Las Palmeras. Isto no dia em que deveria estar com a equipa, a treinar para tirar o Corinthians da zona de rebaixamento. Leão, que exigiu multa para Bruno, que também não apareceu ao treino, não quis dizer o que preconiza para Tevez, deixando o caso ao apreço da presidência.
O contrato de Carlito com o Corinthians termina em 2007, embora o jogador esteja amarrado à MSI até 2010, mas o pró-forma da desvinculação do Timão pode estar tratado desde o mesmo dia em que o contrato foi assinado. O habitual nos casos em que os atletas são colocados nos clubes com investimento global de fundos ou de grupos de empresários é que no mesmo momento em que se formaliza o vínculo, se assine em branco o “desvínculo”, para garantir os interesses de quem avançou com o dinheiro.
Em Londres, Kia Joorabchian mostra-se pouco disponível para intervir no imbróglio, porque o pai faleceu há escassos dias e o empresário se mostra muito abalado. Para mais, soube O JOGO, Leão terá cometido a grosseria de não ter autorizado Betão, o novo capitão, da equipa, a ler no balneário um telegrama do iraniano, co-assinado pela mãe e pela irmã, agradecendo ao plantel os votos de condolências que tinham sido enviados para Londres.
Leão prepara os espíritos da torcida para todos os cenários, e já avisa que como comandante de uma grande “nação”, não pode dispensar ou prescindir dos melhores activos do plantel, em nome de uma necessidade de “vitrina” que é como o técnico chama ao particular na capital britânica.